Disciplina: Teatro Brasileiro II – Artes Cênicas UFG
Vendidos a preço de papel
Plínio Marcos, na peça “Homens de Papel” escrita em 1967, faz uma crítica a, sociedade e ao processo de alienação do homem ao regime capitalista.
A peça mostra a opressão social sobre os indivíduos, e sobre as estruturas sociais, os catadores de papel são pessoas que vivem numa situação de exclusão e marginalidade social.
O texto mostra a realidade e o dia-a-dia de um grupo de catadores de papel, que tentam sobreviver à margem da sociedade, excluídos do sistema, enfrentando a desigualdade e desamparo social, o subemprego, a falta de educação, saúde e dignidade. Humilhados os homens de papel, não vêem saída do ciclo vicioso de subordinação em que se encontram, e acabam por se sujeitar a exploração e opressão de quem é detentor do poder.
Os personagens se tornam passivos da exploração do subemprego e da sujeição e dominação do sistema. Impotentes acabam submetidos à repressão, violência e exploração, seja ela, moral, física e sexual.
A marginalidade dos personagens mostra as relações humanas deformadas, re-configuradas e re-moldadas pelo sistema capitalista, onde os valores humanos e sociais são vendidos a preço de papel.
Plínio Marcos denuncia problemas sociais ainda muito atuais em nossos dias, como o descaso do governo com a sociedade menos favorecida, a banalização da violência, a lei dos mais fortes, a corrupção, a violência sexual contra as crianças e mulheres, o desemprego, a injustiça, a impunidade na lei dos homens.
Sobrevivendo a essa “Selva de Pedras” consumista e desprovida de valores morais, onde os fracos não têm voz e nem vez, são ignorados pelo sistema, são considerados uma “falha no sistema”. Ignorados e enxotados pela sociedade hipócrita, se confundem com o próprio lixo, jogados às margens de uma sociedade suja e poluída.