domingo, 3 de abril de 2011

CENTENÁRIO DE FRIDA KAHLO


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Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón- pintora mexicana (1907 – 1954)

 Nascida em 6 de julho de 1907, a pintora faleceu aos 47 anos, no dia 13 de julho de 1954.
Artista cuja existência foi permeada por episódios trágicos, sua obra é marcada pela expressividade soberana de uma arte sagaz sob uma estética surrealista.
Frida revela em suas telas o grito surdo de sua dor ante as adversidades de sua vida e seus descaminhos amorosos ao lado do muralista Diego Rivera.
Frida abre as portas de seus traumas ao público, expondo seu débil corpo em representações profundas e chocantes.
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A Coluna Quebrada
Sua obra e vida nos permite olhares diversos.
Nascida em meio à Revolução Mexicana, com raízes em dois universos distintos – filha de um judeu austro-húngaro e de uma descendente indígena mexicana -, Frida revela em sua obra condições históricas conturbadas, refinamento estético e um misticismo marcado pela sua relação com a morte e com a dor.
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Duas Fridas
Frida foi uma mulher partida ao meio, fraturada, rasgada, fragmentada pela sua conflituosa existência. No entanto, resistente e surpreendente.
Contemplar sua obra é uma zona de atritos: difícil não sofrer efeitos estético-político-filosóficos ao observar suas telas.
Um olhar estético possível sobre sua arte nos remete à análise do filósofo, historiador e epistemólogo francês Michel Foucault, do quadro de René Magrite, Isto não é um Cachimbo (ver imagem abaixo).
Quadro: René Magrite - Isto não é um cachimbo
Isto não é um cachimbo – René Magrite
O texto de Foucault (cujo título é o mesmo da tela de Magrite) analisa o uso conjugado da palavra e da imagem. É como um caligrama (textos cujos caracteres compõem uma figura relacionada com a mensagem que se quer expressar), onde a palavra escrita reforça a imagem e a imagem reforça a palavra escrita em uma espécie de exercício de tautologia, no qual imagem e palavra reforçam um mesmo conceito.
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Auto-retrato com Cabelo Cortado (na inscrição acima de Frida, lê-se:
“Mira que si te quise, fué por el pelo, ahora que estás pelona, ya no te quiero”
- Olha, se te amei foi pelo teu cabelo, agora que estás careca já não te quero.)
Esta pintura marca um grito de libertação de Frida, assolada pela dor do adultério de seu marido com sua irmã, Cristina. Ao negar-se os atributos femininos que Rivera tanto apreciava (as vestes tehuanas e seus longos cabelos), ela se afirma enquanto uma pessoa livre. Seus cabelos espalhados pelo chão são um retrato da desordem de sua própria alma, picotada pela dor de ver sua irmã e seu marido juntos.
A misteriosa imagem de Frida nesta tela, reforçada pelo mistério das palavras é inspiração em estado bruto; é a expressão do intangível e o aval para um olhar multiplamente agregador de sentidos, o que confere à sua obra uma condição ontologicamente de Arte.
A obra de Frida é um convite ao pensamento. Sua verve inebriante é transmitida em calafrios aos olhares que vislumbram suas telas.
Frida não foi só uma artista, ou uma mulher. Foi um acontecimento à parte no século XX. Um meio-dia e um profundo esgar da alma.
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O Amor abraça o Universo


FRASES DE FRIDA KAHLO



''Algum tempo atrás, talvez uns dias, eu era uma moça caminhando por um mundo de cores, com formas claras e tangíveis. Tudo era misterioso e havia algo oculto; adivinhar-lhe a natureza era um jogo para mim. Se você soubesse como é terrível obter o conhecimento de repente - como um relâmpago iluminado a Terra! Agora, vivo num planeta dolorido, transparente como gelo. É como se houvesse aprendido tudo de uma vez, numa questão de segundos. Minhas amigas e colegas tornaram-se mulheres lentamente. Eu envelheci em instantes e agora tudo está embotado e plano. Sei que não há nada escondido; se houvesse, eu veria.''

"Sinto-me mal, e ficarei pior, mas vou aprendendo a estar sozinha e isso já é uma vantagem e um pequeno triunfo."

"Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade."

"Eu sou a desintegração."

"Creio que o melhor é partir, ir-me e não fugir. Que tudo acabe num instante. Oxalá"

"Espero alegre a saída e espero nunca voltar."

''Diego está na minha urina, na minha boca, no meu coração, na minha loucura, no meu sono, nas paisagens, na comida, no metal, na doença, na imaginação.''

''Ele leva uma vida plena, sem o vazio da minha. Não tenho nada porque não o tenho.''

"A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança..."

''Pinto a mim mesmo porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor.''

''Origem das duas Fridas. Recordação. Devia ter 6 anos quando vivi intensamente a amizade imaginária com uma menina de minha idade. (...) Não me lembro de sua imagem, nem de sua cor. Porém sei que era alegre e ria muito. Sem sons. Era ágil e dançava como se não tivesse nenhum peso. Eu a seguia em todos os seus movimentos e contava para ela, enquanto ela dançava, meus problemas secretos. Quais? Não me lembro. Porém ela sabia, por minha voz, de todas as minhas coisas...''

''Amputaram-me a perna há 6 meses, deram-me séculos de tortura e há momentos em que quase perco a razão. Continuo a querer me matar. O Diego é que me impede de o fazer, pois a minha vaidade faz-me pensar que sentiria a minha falta. Ele disse-me isso e eu acreditei. Mas nunca sofri tanto em toda a minha vida.Vou esperar mais um pouco...''

"Diego, houve dois grandes acidentes na minha vida: o bonde e vc. Vc sem dúvida foi o pior deles."

“Bebo para afogar as mágoas. Mas as danadas aprenderam a nadar.